Mini adultos

Se existe uma classe social, um feudo, uma etnia, uma raça ou espécie de ser humano mais sem graça do que criança (vide esse post sobre motivos para não fazermos filhos), é o mini adulto. Na verdade é uma subdivisão entre as crianças. Eu divido as crianças em alguns grupos: as chatas e as mudas. Dentre elas, tem alguns subgrupos que acho interessantes, tipo gêmeos, trigêmeos, etc (são engraçados, principalmente quando o pai sem noção resolve colocar a mesma roupa em todos, fica parecendo um time de pebolim ou totó):

Trigêmeos e Gêmeos na escola

e tem também os gêmeos siameses, que nascem grudados e só vêm a se separar com uma intervenção extremamente delicada. Exemplos:

Irmãos Siameses

Enfim, tem muito tipo de criança engraçada – por exemplo, aquelas que levam muitos tombos – e tem muito tipo de criança chata. Mas nada supera o mini adulto.

Mini adultos são figuras clássicas em seriados americanos que começam a perder a graça (tipo o Teletube, pena que não moro nos EUA e nem é seriado heheeeeehhh) e apelam ou para os tombos, a comédia pastelão, ou para crianças inteligentes. Um bom exemplo de um mini adulto é aquele chatinho que tem em “Eu, a Patroa e as Crianças”: sabe tocar piano, fala 45,3 idiomas, faz mestrado (gente?), anda de terno e gravata e fala palavras que não estão no léxico dos adultos mais cultos.

(BONNER, William in Como ser pai de trigêmeos e fazer o Fantástico entrar no ar toda noite com sua esposa, p. 43)

No dia-dia, presenciamos diversos mini adultos surgindo de todos os lados. O esteriótipo da menina de 6 anos vestida com minissaia, com celular (marca: dourado) e notebook (marca: rosa), cabelo todo cheio de COQUES (kkk) fazendo suas primeiras compras (da semana) no shopping. Na forma de agir e pensar, é basicamente um adulto, o que perde toda a graça.

Não estamos precisando de mais adultos. Daqui a pouco, vão achar normal menino de 7 anos fumar, menina de 9 anos saindo por aí comprando camisinha. Tem pai que realmente não entende que infância é infância (normalmente são os mesmos que, aos 50, se vestem como garotos de 20 anos e ficam parecendo o Sérgio Mallandro, ou são aqueles mais vividos que adoram falar que, apesar de terem 76 anos, têm idade mental de 18 anos, só falta falar que é virgem). Tudo tem seu tempo, sua hora, por mais que isso seja mais repetido do que figurinha de chiclete em copa do mundo.

Crianças vão ter sua hora de fazer coisas de adultos. Claro que eles têm vontade de fazer o que os pais fazem, isso é normal. A diferença está em quem sabe ter bom senso na hora de transformar seu filho de 7 anos numa cópia do Roberto Justus. Crianças precisam brincar. Meninas precisam de fitinhas e lacinhos na cabeça e andarem como se fossem a árvore de natal particular da mãe. Meninos têm que brincar, correr, e não ficar fazendo Orkut. E aprender a lidar com limites é saudável e necessário a qualquer indivíduo.

Pensem mil vezes antes fabricarem um mini adulto e darem a eles pleno acesso a celular, msn, orkut, câmera digital (não vou nem falar no monte de menina de 13 anos que tira foto em frente o espelho fazendo pose com a câmera que ganhou dos pais sem nem entender o quanto aquilo pode estar fazendo a felicidade de um doente mental). Além de perigoso, pode ser bem ridículo, como podemos constatar nas comunidades abaixo:

jeus crito

meu amigo clc um fejão no pal

eu tenho mado de barrata

nao gorto de jente sarope

tchak o boneco asacino ahaha?