Tesões alternativos

A vida não é só sexo. Tá certo que quase o mundo inteiro gira em torno disso. Pra entendermos melhor, há esse texto do Mario Prata que, pra mim, é a sua melhor produção. Não vou me atrever a tentar acrescentar nada além do que está nele.

Mas o fato é que existem, sim, pessoas que vivem sem sexo. E não estou falando da sua tia gorda e mal-humorada, nem de padres em geral – não se engane. Mas há sim as pessoas que dizem que vivem sem sexo, se dizem assexuadas, outras que, por razões culturais ou algum acidente, acabaram perdendo a capacidade de sentir, prazer. Enfim, daí a gente pensa: que graça a vida tem pra eles?

Há vida, sim, sem sexo. Mas não há vida sem prazer. Pra isso, elaborei uma listinha muito particular sobre tesões alternativos. Lista essa que vai além de comer uma boa comida, ouvir uma boa música e tomar uma boa bebida (os mais conhecidos adjacentes e municiadores do sexo). Segue a lista de prazeres alternativos que certamente deixam nossas vidas mais coloridas (que brega) sem que percebamos, normalmente:

-Cortar cabelo: se o cabelo do humano crescesse 4 vezes mais rápido do que cresce e o preço do corte fosse menor, teríamos spas só de corte de cabelo. E taí uma profissão que nunca vai faltar emprego: cabeleireiro. Mesmo que surja uma máquina que faça isso automaticamente, ninguém abrirá mão de receber semi-afagos por meia hora.

-Lavar pára-brisa de carro: não lavar, mas pedir pra que lavem enquanto você está dentro do carro. Fique no banco da frente. Aquela aguinha jogada no vidro, seguida daquela vassourinha velha esfregando sabãozinho com aquela espuminha branquinha, joga a água de novo pra tirar a espuma. Se tiver um rodinho pra secar o vidro, o orgasmo é completo. Seria como um sexo com todas as preliminares possíveis, passando por todas as etapas.

-Película protetora: não conheço uma pessoa que, ao pegar um celular novo, por exemplo, ficou adiando ao máximo para tirar aquela película de plástico que há na telinha de todo aparelho novo. Seria como tirar a virgindade de um objeto tão amado. A sensação, diria até o sentimento, de tirar lentamente o plástico e de ver a tela limpa como cristal pela última vez (depois virão arranhões e eternas marcas de dedo) é inexplicável. Não compre celular se a película já tiver sido retirada do mesmo. Seria como, até pouco tempo atrás, no Código Civil Brasileiro, o homem ter direito de cancelar o casamento se descobrir que a noiva não era virgem.

-Abrir pacote de bolacha: dizem que o zíper foi uma das maiores invenções da humanidade. Pra mim, não supera a invenção do PUXE -> em pacotes de bolacha. A praticidade de abrir facilmente um pacote é até esquecida quando se sente aquela fitinha vermelha deslizando por entre o plástico e abrindo lentamente o pacote por inteiro. Que zíper, que nada. As calças jeans deviam vir com um PUXE -> para melhor satisfação de todos.

-Lacre de vidros de conserva: uma variação do PUXE ->. Me refiro àquela esferinha vermelha ou branca no centro de tampas de metal em vidros de conservas, como champignon, aspargos, etc. Quem nunca notou o suspiro que aquilo faz quando é puxada pela primeira vez? No momento em que aquela borracinha é retirada – como sempre – lentamente, e se ouve aquele suspiro, parece que estamos livrando o objeto de uma dor muito forte. Me atrevo a dizer que possamos estar dando um orgasmo ao mesmo. Sugiro que seja inventada uma lata gigante para uma borrachinha gigante, pra ser retirada por muitas pessoas ao mesmo tempo em cultos especializados.

-“Fure aqui” do Toddynho: desgrudar o canudo da caixinha e tirar o plástico com um semi-PUXE -> são boas preliminares para o momento final e extasiante de abrir o primeiro furinho da caixa de Toddynho. Ouve-se também o suspiro, e o canudo deslizando perfeitamente em direção ao fundo da caixa é reconfortante. EXPLODIR A CAIXINHA TAMBEM NO FINAL E LEGAL QUEM NUNCA FEZ SERIA COMO ALGO MACHISTA MAS EM CAICHINHAS DE TODDY PENSO QUE PODE NE

Quando ouvir que a felicidade está nos pequenos detalhes e prazeres da vida, a partir de hoje, leve mais a sério. Você se tornará uma pessoa com permanente tesão de viver.